terça-feira, 1 de novembro de 2011

182. O único animal que*

consome energia para criar a própria infelicidade.


No prato: Tom Waits, Frank's theme


*Lembrando o A. Abelaira

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

180. O pior défice

"1. Sempre que se verifique um incremento significativo do património, ou das despesas realizadas por um funcionário, que não possam razoavelmente por ele ser justificados, em manifesta desproporção relativamente aos seus rendimentos legítimos, com perigo manifesto daquele património provir de vantagens obtidas de forma ilegítima no exercício de funções, é punível com pena de prisão até 5 anos". (Projecto de lei 72/XII, disponível aqui).

Quem escreve assim ganha 4.000 euros por mês. Pode não ser ilícito, mas é um enriquecimento imoral.

sábado, 27 de agosto de 2011

179. Simon says

Pode-se gostar do que não se entende, nunca se gosta do que não se conhece.






*No prato: Wim Mertens, Humility (algumas das palmas são minhas, era 1993 e o Saramago já tinha avisado)


sábado, 6 de agosto de 2011

178. Ahhhhhh...gosto: centro comercial, sábado à noite



















*No prato: KC and the Sunshine Band, That's the way

sexta-feira, 29 de julho de 2011

177. E todavia :))





















georges Brassens - misogynie a part por bisonravi1987

* No prato: Georges Brassens, Misogynie à part, ao vivo, com um ataque de fou rire pelo meio

quinta-feira, 21 de julho de 2011

175. Diz que sai amanhã (ide portanto buscá-lo)


"Escureceu nem dei conta. Caminhar. Nestas ruas remediadas a escassez vê-se melhor no lusco-fusco. Não há lojas, não há centros comerciais autênticos não há pizarias. As paredes são da cor dos passeios cinzentos e estropiados e as pessoas são da cor dos sacos de plástico que levam agarrados às mãos. Um restaurante fechado, já estava assim quando para cá vim, uma loja de roupa diz que jovem e abandonada, ainda tem restos de liquidação, uma de mobiliário de escritório tapada com cartão castanho - essa deve ter fechado há mais tempo. E não há gente nas ruas. Há gente dentro das casas e dos prédios também baixos que parecem altos ao pé das casas baixas".

Dr. Mário, a páginas 67.



* No prato: Tom Waits, Town with no cheer


quinta-feira, 14 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

173. Deus nos perdoe

O lado positivo da crise é que o pessoal subitamente quer dinheiro e leva o pagante a sério.
Ele é o mecânico que toca à porta para saber se não quero ver o tchk-tchk-tchk no carro, de que me queixei há uns meses.
Ele são os pedreiros a retelefonar (!) por causa de uns orçamentos de que já tinha desistido.
Ele é o jardineiro a perguntar se não pode antecipar o trabalho para esta semana.
Por uma vez, sabe bem, mesmo que seja um prato frio.

sábado, 25 de junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

171. Bless'em













Foto: Richard Lam




* No prato: Giant Sand, A classico reprise (vocals: Vic Chesnutt and Henriette Sennenvaldt)

terça-feira, 7 de junho de 2011

170. Excitações

"Depois da saída de Durão Barroso, Paulo Portas voltou a coligar-se com Pedro Santana Lopes e conseguiram 19 ministros".
RTP2, Jornal das 10, 07/06/11, 22.20

169. Sinais dos tempos: o terrorista como legislador

Acabo de abrir a página da amazon.de. Eis as sugestões que têm para mim (6 em 7):
































































Digamo-lo com diplomacia: uma vez mais, os alemães não se precipitaram. Mas é importante que também eles acabem por escrevê-lo.


Adenda: eis aqui uma boa aplicação das leis e das forças anti-terroristas: vigilância e perseguição de Ian Puddick por ter divulgado, através da internet, a ligação adúltera da sua mulher com um big shark de uma empresa seguradora. Custo para o contribuinte inglês: cerca de £ 1.000.000.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

167. Grandes despedidas



Jacques Higelin, Je ne peux plus dire je t'aime

segunda-feira, 23 de maio de 2011

166. Não querendo ser desmancha-prazeres

Passei incólume pela guerra civil que haveria de ter vindo depois do 25 de Abril, pela 3ª guerra mundial que haveria de ter rebentado nos anos Reagan, pelo inexorável e rápido ocaso da espécie humana que haveria de se ter seguido ao HIV e, depois, à descoberta do anthrax.
Suspeito de que também sobreviveremos às provações dos próximos dois ou três anos. Sem ofensa para os tremendistas gibosos, que, um dia qualquer, mais tarde ou mais cedo (talvez logo antes de se cansarem), hão-de ter razão, mas que de momento me rompono le palle.

sábado, 21 de maio de 2011

165. O medo das alturas

Os opinion makers são, antes de mais, opinion-made (e tão desperate to entertain).





*No prato: The National, England (live in NY)

terça-feira, 17 de maio de 2011

164. Pequenas coisas perfeitas


Benny: Time is a funny thing. Time is a very peculiar item. You see when you're young, you're a kid, you got time, you got nothing but time. Throw away a couple of years here, a couple of years there... it doesn't matter. You know. The older you get you say, "Jesus, how much I got? I got thirty-five summers left". Think about it. Thirty-five summers.





*No prato: Stan Ridgway & Steve Copeland, Don't box me in

segunda-feira, 9 de maio de 2011

163. Geografia humana

As instituições deveriam ser como paisagens em movimento, e as pessoas que lhes vão dando vida os seus acidentes: no lugar onde está hoje um baixio pode romper amanhã um pico majestoso, ou, ao menos, um planalto que não comprometa.
Essas assimetrias dinâmicas são naturais, quer dizer, próprias das obras humanas, e dão identidade, em cada momento, àquela instituição.

O problema é o declive generalizado até ao nível da água e, no cabo dele, o nevoeiro.



*No prato: Georges Brassens à Bobino (1975?), Quand on est con (le temps ne fait rien à l'affaire)

terça-feira, 26 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

160. Assombrações














Vulva spinosa



*No prato: The Jesus & Mary Chain, She

sábado, 16 de abril de 2011

159. Nos muros


Leiria, 04/2011















*No prato: Sufjan Stevens, The transfiguration

domingo, 10 de abril de 2011

158. Explicação dos milagres











Muito do que nos tira ou salva a vida tem dedos milimétricos.





*No prato: The National, Terrible love - alternate version (o álbum High Violet vai voltar muitas vezes ao ângulo morto)

sábado, 2 de abril de 2011

157. Ao povo o que lhe pertence (III)


Fachada sul da antiga sede do Comité Central do Partido dos Trabalhadores Polacos Unidos - Polska Zjednoczona Partia Robotnicza (PZPR), construída entre 1948-52 e financiada através de uma contribuição popular obrigatória.

156. Ao povo o que lhe pertence (II)


Fachada oeste da antiga sede do Comité Central do Partido dos Trabalhadores Polacos Unidos - Polska Zjednoczona Partia Robotnicza (PZPR), construída entre 1948-52 e financiada através de uma contribuição popular obrigatória.

155. Ao povo o que lhe pertence (I)


Fachada sul da antiga sede do Comité Central do Partido dos Trabalhadores Polacos Unidos - Polska Zjednoczona Partia Robotnicza (PZPR), construída entre 1948-52 e financiada através de uma contribuição popular obrigatória.

terça-feira, 15 de março de 2011

154. E se de repente


Claro, "ninguém torna ao que acabou". E foi acabando tanta coisa que a terra ficou estranha, surpreendente de silêncios e desertos, tantos anos e nunca estive aqui não sei quem és.
Nada pôde voltar a brilhar como os olhos daquela miúda gloriosamente suja quando viu a bola de berlim chegar à mesa. Ainda bem, mas não, agora as bolas de berlim são calorias sem felicidade dentro. Não sei se a lua amarela ainda, talvez.
Já não há vagares de peixe frito ao fim da tarde no fim do rio, nem os brancos minerais antigos que fermentavam descontroladamente. Eram zurrapas, diz-me quem diz que sabe. Seriam, mas nós éramos o quê.
Porém há de repente uma casa por reerguer, acho que faltam tílias, cerejeiras e figueiras, se alguém tiver de sobra é favor deixar aqui.


*No prato, um favorito da altura: Van Morrison, Rave on John Donne

terça-feira, 1 de março de 2011

153. Provavelmente estava vento, e os rios ainda devem estar altos, e tal...

Pelo terceiro ou quarto ano consecutivo, falhei a grande celebração e não pude encontrar-me com elas no 1 de Março.




(mas não foi um dia totalmente sem peixe, embora noutra perspectiva)










* No prato, um dos hinos do dia de abertura: John Lee Hooker & Carlos Santana, Chill out

domingo, 20 de fevereiro de 2011

152. À atenção dos sevandijas gananciosos


90 minutos por 8 euros.




*No prato: John Cale, Amsterdam

domingo, 13 de fevereiro de 2011

151. Homenagem











Gérard Castello-Lopes

(6-08-1925 / 12-02-2011)


*No prato: Erik Satie, Gnossienne nº 3

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

150. O céu é o limite


O extraordinário anúncio da aprovação, pela Igreja Católica, da app iPhone para penitentes relembrou-me que continuo sem responder ao que ando a perguntar-me na última década: por que razão ainda não apostatei, tornando-me protestante?

Há uns meses, conheci um padre ortodoxo numa pequena ilha grega a quem dei conta (ao fim de meia dúzia de Amstel e meio quilo de azeitonas) das minhas inclinações íntimas para o protestantismo. Foi o único momento tenso da noite: o homem apertou-me o braço com força e repetiu "Bleib wo du bist; bleib wo du bist". Só então compreendi que, para os ortodoxos, o catolicismo é o limite da Reforma tolerável - a partir daí, dizia-me ele, já não é religião, é "política e business".
Ainda tentei argumentar, mas percebi que o meu alemão não é suficiente para querelas teológicas; e aquela força na expressão (e nos dedos enterrados no meu braço) impressionou-me.
Política e business, dizia ele. Só que isto não ajuda.


Por outro lado: talvez a indiferença perante as etiquetas que entretanto se instalou em mim corresponda já a uma certa compreensão da relação com Deus. Pouco ortodoxa, pouco católica.








*No prato: Michael Nyman Band, Chasing sheep is best left to shepherds

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

148. Что делать?

Cavaco permanece, Sócrates resiste, a crise - ah, a crise...! - entranha-se, gelamos mas não neva, a justiça processa-se a si própria, o Rei dos Leitões está fechado para obras, gente sábia e ilustre assina uma petição popular lançada por um jornal que "revela", na página ao lado, fotografias do saca-rolhas utilizado para mutilar um colunista social, alguns milhares de cidadãos não podem votar porque têm um cartão a atestar que o são, a Tunísia e o Egipto foram uma grande surpresa, excepto para aqueles que já esperavam isto há 15 anos, talvez mais.



* No prato: Radiohead, No surprises