sexta-feira, 28 de março de 2008

39. Fixações



O vídeo é sofrível, mas, como alguém disse, nada é completamente inútil: tudo pode sempre servir de mau exemplo. E esta é uma boa ocasião para perguntar, do fundo da minha ignorância: onde podemos carregar só a música, sem ter de suportar o clip respectivo?

No prato: The Jesus and Mary Chain, Sometimes Always

quinta-feira, 27 de março de 2008

sábado, 22 de março de 2008

37. Vampiros, nightowls, "Cinderellas in reverse"

Estava a ver, com grande empatia, o documentário Wide Awake de Alan Berliner. Estranhamente, fiquei calmo e adormeci.
Quem sabe se é essa a cura: ver documentários sobre a insónia.

sexta-feira, 21 de março de 2008

36. Huic ergo parce, Deus



"The dripping blood our only drink,
The bloody flesh our only food:
In spite of which we like to think
That we are sound, substantial flesh and blood -
Again, in spite of that, we call this Friday good."

T. S. Eliot, East Coker (1940)

terça-feira, 18 de março de 2008

domingo, 16 de março de 2008

34. Domingo de Ramos


"La foi va de soi. La foi marche toute seule. Pour croire il n'y a qu'à se laisser aller, il n'y a qu'à regarder. (...)
Pour ne pas croire, mon enfant, il faudrait se boucher les yeux et les oreilles. Pour na pas voir, pour ne pas croire.

La charité va malheureusement de soi. La charité marche toute seule. Pour aimer son prochain il n'y a qu'à se laisser aller, il n'y a qu'à regarder tant de détresse. (...)
Pour ne pas aimer son prochain, mon enfant, il faudrait se boucher les yeux et les oreilles.
A tant de cris de détresse.

Mais l'espérance ne va pas de soi. L'espérance ne va pas toute seule. Pour espérer, mon enfant, il faut être bien heureux, il faut avoir obtenu, reçu une grande grâce.

C'est la foi qui est facile et de ne pas croire qui serait impossible. C'est la charité qui est facile et de ne pas aimer qui serait impossible. Mais c'est d'espérer qui est difficile

à voix basse et honteusement
. (...)

C'est elle, cette petite, qui entraîne tout.
Car la Foi ne voit que ce qui est.
Et elle elle voit ce qui sera.
La Charité n'aime que ce qui est.
Et elle elle aime ce qui sera."

Charles Péguy, Le Porche du mystère de la deuxième vertu, escrito para o Domingo de Ramos e para o Domingo de Páscoa de 1905.

33. Fixações



Wim Mertens, Struggle for Pleasure (1983) (NB: tem 18 segundos iniciais de suspense negro)

sábado, 15 de março de 2008

32. Nos muros












Muro da Penitenciária de Coimbra, 2008

quarta-feira, 12 de março de 2008

31. Grandes marcas



Maria Izabel, quase sozinha entre o canavial e o mar.

30. Todos os anos é a mesma coisa


Cerejeira

sábado, 8 de março de 2008

sexta-feira, 7 de março de 2008

27. Fixações


A mulher que "profissionalizou a verdade" (Zeffirelli).

terça-feira, 4 de março de 2008

26. Excertos de uma divagação: Crime e Literatura*


(...) O fascínio pelo crime enquanto ficção (ou realidade romanceada) e pela vitória do Mal aí contida parece antes residir no desejo de presenciar. Num certo voyeurismo, portanto. E, neste aspecto, a atracção do espectador pelo crime literário não é muito diferente da que o leva a querer experimentar o crime real através dos jornais e da assistência aos julgamentos nos tribunais. Também aí o crime surge como uma história vivida através de uma mediação.
Esta fungibilidade entre o crime real e o crime ficcionado desfaz um outro equívoco: o paradoxo da repulsa / atracção pelo crime não se resolve através da separação entre realidade e ficção. O fosso da realidade pode explicar por que não praticamos um crime, e por que o repudiamos enquanto facto social - mas não explica por que gostamos dele enquanto história.
De onde vem, então, esse desejo de presenciar o crime?

A verdade é que a nossa história começa com um crime.
Quando digo "a nossa história", falo de nós como seres morais. Tomando a Bíblia para além da Fé - como narrativa da nossa civilização -, vemos que a primeira acção humana descrita no Génesis é a desobediência de Eva, ao colher o fruto proibido, provando-o e dando-o a provar a Adão. É seguramente um crime - a violação da única proibição que lhes tinha sido feita pela autoridade suprema, sob pena de morte - e um crime de índole muito particular e perturbadora: Eva e Adão não conhecem ainda o Bem e o Mal, mas já têm consciência da proibição e do dever de obediência. E por isso, ignorantes do Mal mas conscientes do dever e da proibição de violá-lo, são punidos com a Queda.
Ora o crime original que nos degradou para a condição de mortais instituiu-nos também como seres morais, salvando-nos da ignorância e instaurando um princípio de liberdade.
Esta marca inaugural do crime mostra que se trata de uma noção concebível para lá do Bem e do Mal e que, nessa medida, é sempre um acto de libertação indesejado pelo poder, uma ruptura com uma ordem qualquer. Porém, quando a acção passa a ter um parâmetro ético-normativo, o crime é proibido e o cidadão conformista só pode readquirir aquela liberdade inicial através de sucedâneos onde reencontra a possibilidade de transgressão (...).
*Palestra na Faculdade de Direito da U. C., 4/03/2008; gravura de A. Dürer, 1504

sábado, 1 de março de 2008

23. Pecados: a inveja (ou de como os pescadores não entrarão no Reino dos Céus)


Este ano, o meu 1 de Março é só lá para dia 7 ou 8.
Espero que hoje e amanhã vente, vente muito, de preferência nortada, que as águas arrefeçam e apareçam barrentas, e que elas se tenham empanturrado nos últimos dias e fiquem assapadas debaixo das pedras a fazer a digestão, desprezando as moscas, ninfas e outras colheres que começam a apresentar-se neste preciso momento.
Até dia 7 ou 8.








Rublex Celta "Pena de Gaio" nº 3 (aka "arma secreta")