sexta-feira, 25 de abril de 2008

49. Como uma profusão de cravos

Faço parte da última geração que se lembra do 25 de Abril de 1974: tinha iniciado a minha vida social há uns meses, sentado nos bancos da 1ª classe.
Lembro-me do pânico das professoras durante a manhã, das imagens dos tanques na televisão à hora de almoço, da alegria incrédula do meu pai, à tarde já não houve aulas.
Hoje é um belo dia para dar voz à mais bonita guitarra portuguesa: Francisco Filipe Martins, Canção da Primavera nº 1 (1986).
(Link reparado)

terça-feira, 22 de abril de 2008

48bis. Saudações


O abraço é uma coisa diferente. Ou acompanha uma saudação (e não é, portanto, a saudação), ou é uma fórmula epistolar (uma tele-saudação), ou serve as suas verdadeiras funções: impedir que outra pessoa desmorone de tristeza ou manifestar a intensidade de um sentimento. Por exemplo, de gratidão, aos amigos que nos cozinham com esmero os nossos pratos favoritos e abrem a melhor garrafa para celebrar o que vai ficando dos dias.
Ou, no amor, dar corpo à constância inquebrantável.

(Fotografia: P. F. Bentley, para a Time)

terça-feira, 15 de abril de 2008

48. Saudações


Não gosto do modo como nos apertamos as mãos, quero dizer: da repetição banal que avilta o gesto e a sua história.
Um aperto de mão é um risco: pode esperar-nos uma mão mole ou suada, ou suja, ou aquela que não hesitará em nos cravar uma faca pelas costas. Deve portanto praticar-se apenas em grandes ocasiões sociais: o momento em que conhecemos outra pessoa, o testemunho físico da confiança na contraparte de um negócio, o fim da guerra e a declaração de paz.
Fora disso, deveríamos curvar-nos impecavelmente, como os japoneses.
O beijo continuaria reservado para os amigos, os amores e as traições imperdoáveis.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

47. Organic connection












(Micha, Organic connection, 2008)

Gosto muito desta fotografia, roubada aqui.
Dava um grande cartaz para uma boa fita de cybertrash:

terça-feira, 8 de abril de 2008

46. "Há um traço azul no futuro incandescente"

À atenção da seita que segue a IF: passa a morar aqui.

(Para quem não conhece, ou não se lembra, começa assim)

45. Evidence, not proof


A fotografia mais triste do mundo















Duane Michals, This photograph is my proof, 1975

domingo, 6 de abril de 2008

sexta-feira, 4 de abril de 2008

43. Uma dívida antiga

Graças a esta página e às instruções da ana, consegui pôr música no ângulo morto. Infelizmente, o Firefox não permite desactivar a acção "autoplay" cada vez que a página é carregada, mesmo com o código html adequado.
Como a imposição de música numa página é algo que me desagrada muito, El Ciego, de Charlie Haden, que ofereci em tempos ao Luís num aniversário da natureza do mal (a quem aproveito para agradecer o lugar do ângulo morto na nova arrumação dos links), iria ficar aqui só um ou dois dias.
Eis senão quando, através do womenage a trois, descobri que havia uma solução: o Lifelogger.
Quem porfia, não desiste.


quinta-feira, 3 de abril de 2008

42. Nos muros













Colégio da Trindade, Coimbra (2008)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

41. Pequenas coisas perfeitas


O Joker visto por Dave McKean (Dave McKean / Grant Morrison, Batman: Arkham Asylum, 1989)

terça-feira, 1 de abril de 2008

40. Os livros circulares como o mundo


Há livros que lemos várias vezes, ou melhor, que vamos lendo ao longo da vida, sem verdadeiramente podermos dizer que os temos lidos.
São speculi orbis do espírito (talvez Borges tenha sido o primeiro a compreendê-lo de forma racional), e por isso não têm propriamente um princípio e um fim; a cada vez, entramos e saimos numa página qualquer, e nem sequer sabemos se já passámos por aquele território, ou se é uma falsa memória.
No fundo, são enciclopédias encriptadas.