Mar de Baal, Mar de Mammon
(...)
2.
Com aqueles que, indo-se, deixam às areias as sandálias, com aqueles que, calando-se, se abrem as vias do sonho sem retorno,
Caminhamos um dia para ti nas nossas roupas de festa, Mar inocência do Solstício, Mar despreocupação do acolhimento, e já não sabemos bem onde param os nossos passos…
Ou és tu, fumo do umbral, que por ti mesmo te elevas em nós como o espírito sagrado do vinho nos vasos de madeira violeta, no tempo dos astros incandescentes?
Nós assediamos-te, Esplendor! E parasitar-te-emos, colmeia dos deuses, ó mil e mil quartos de espuma onde se consuma o delito. – Sê connosco, riso de Cumes e último grito do Efesiano!...
Assim o Conquistador, sob a sua pluma de guerra, às últimas portas do Santuário: «Habitarei os quartos interditos e aí passearei…» Betume dos mortos, não sois o adubo desses lugares!
E tu, tu auxiliar-nos-ás contra a noite dos homens, lava esplêndida no nosso umbral, ó Mar aberto ao triplo drama: Mar do transe e do delito; Mar da festa e do fulgor; e Mar também da acção!
*No prato: Michael Nyman, Prospero's Magic (Prospero's Books, 1991)
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