Com o impressionante volume de merchandising que se faz de Fernando Pessoa, é curioso que ninguém se tenha ainda lembrado de criar uma colecção de cinco perfumes.
Os quatro heterónimos deveriam ser bastante diferentes entre si nas notas de cabeça e de coração, com uma nota de fundo comum que seria, no ortónimo, especialmente pesada.
Imagino o frasco de Alberto Caeiro: um vidro branco, transparente e liso, cilíndrico como um tronco de bétula jovem, tampa de madeira escura; o líquido cor de palha clara.
Nas notas de cabeça, hortelã-da-ribeira acabada de calcar e uma sugestão de bergamota; no coração, urze, rosmaninho e outras rescendências do início da noite mediterrânica; fundo almiscarado.
Ricardo Reis teria um frasco de vidro grosso, marfim opaco, redondo e simétrico, com 12 cms. de altura. Um "R." pintado a borgonha. Impossível descortinar a cor do líquido.
À cabeça, lírios no ponto de murchar; no coração, pêssegos, cedro, soalho gasto, folhas de plátano secas; ao fundo, tabaco frio e tinta da china.
Vejo Álvaro de Campos num frasco metálico, totalmente irregular. A preto, estilizada, uma assinatura ilegível. Nas notas de cabeça, avulta a fuligem e a limalha de ferro, com uma sugestão de limões gelados; no coração, couro novo, ópio e sisal; para o fundo, poeiras cósmicas e óleo de barcos.
Bernardo Soares desponta com café e canela; coração de alpaca e papéis velhos; sem notas de fundo próprias.
Mas Pessoa ortónimo?
Os quatro heterónimos deveriam ser bastante diferentes entre si nas notas de cabeça e de coração, com uma nota de fundo comum que seria, no ortónimo, especialmente pesada.
Imagino o frasco de Alberto Caeiro: um vidro branco, transparente e liso, cilíndrico como um tronco de bétula jovem, tampa de madeira escura; o líquido cor de palha clara.
Nas notas de cabeça, hortelã-da-ribeira acabada de calcar e uma sugestão de bergamota; no coração, urze, rosmaninho e outras rescendências do início da noite mediterrânica; fundo almiscarado.
Ricardo Reis teria um frasco de vidro grosso, marfim opaco, redondo e simétrico, com 12 cms. de altura. Um "R." pintado a borgonha. Impossível descortinar a cor do líquido.
À cabeça, lírios no ponto de murchar; no coração, pêssegos, cedro, soalho gasto, folhas de plátano secas; ao fundo, tabaco frio e tinta da china.
Vejo Álvaro de Campos num frasco metálico, totalmente irregular. A preto, estilizada, uma assinatura ilegível. Nas notas de cabeça, avulta a fuligem e a limalha de ferro, com uma sugestão de limões gelados; no coração, couro novo, ópio e sisal; para o fundo, poeiras cósmicas e óleo de barcos.
Bernardo Soares desponta com café e canela; coração de alpaca e papéis velhos; sem notas de fundo próprias.
Mas Pessoa ortónimo?
4 comentários:
absolutamente genial!!!
Quer-me parecer que tens aqui uma fã.
Também gostei.
abraços)
vejo que apesar das férias continuas em boa forma. abraço
Encontrei o seu blog por um acaso, adorei a escrita e também a selecção musical de alguns dos seus posts. Vuu passar a ser leitura assídua, porque a escrita é o alimento da "alma".
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